Em tempos de “superficialidade” e “indiferentismo religioso” há muitos questionamentos sobre a presença de Deus na vida humana. Destaco três convicções que marcam a vida de fé daqueles que buscam a Deus.
A primeira convicção é ter e sentir a segurança no Deus da vida. Crer na presença espiritual e sentir a segurança para enfrentar os desafios. Acreditar na providência divina, onde Deus é capaz, por meios humanos, de suprir as necessidades, como observamos em Mt 6, 28: “por isso vos digo: não vos preocupeis com o que haveis de comer nem com o vosso corpo quanto o que haveis de vestir”. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa? O nosso Deus nos dá segurança e providência em todos os momentos de nossa vida. “Quem dentre vós, com as suas preocupações, pode acrescentar um o côncavo à duração de sua vida?” (Mt 6, 27). A certeza desta segurança está no valor que cada um tem em Nosso Senhor: “Ora se Deus veste assim a erva do capo que existe hoje e amanhã será lançada ao forno, não fara ele muito mais por vos, homens fracos na fé?” (Mt 6, 28).
A segunda convicção é a alegria de celebrar a vida com a fé. A vida católica tem seu ápice na Eucaristia. Ao celebrar a missa contemplamos o mistério sem igual. São João Paulo II, bem definiu a Santa Eucaristia no documento “Ecclesia de Eucharistia” em 17 de abril de 2003, “A Igreja vive da Eucaristia”. “Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: «Eu estarei sempre convosco, até ao fi m do mundo» (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança.”
Por isso, nós católicos, somos o povo da celebração, da festa e da partilha. Vale apenas recordar as sabias palavras do Papa Emérito Bento XVI, ao término do encontro mundial das famílias em 2006: “O trabalho e a festa estão intimamente ligados à vida das famílias: condicionam as suas escolhas, influenciam os relacionamentos entre os cônjuges, e entre os pais e os filhos, incidem sobre a relação da família com a sociedade em geral e com a Igreja. A Sagrada Escritura (cf.Gn caps. 1-2) diz-nos que a família e o trabalho constituem dádivas e bênçãos de Deus para nos ajudar a viver uma existência plenamente humana. A experiência quotidiana garante que o desenvolvimento autêntico da pessoa exige quer as dimensões: individual, familiar e comunitária, quer as atividades e as relações funcionais, como também a abertura à esperança e ao Bem sem limites.”
A terceira convicção consiste em viver em comunidade, ou interagir com os outros. Mesmo em tempos de isolamento. Os vários recursos midiáticos servem para criar pontes, estreitar relacionamentos. Recordo a comunidade de atos dos apóstolos, descrita por São Lucas, que buscavam viver quatro pontos fundamentais: “Eles mostravam-se assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Apossava-se de todos o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que realizam por meio dos apóstolos” (At 2, 42-43).
Recordo as palavras de Santa Paulina, “nunca desanimeis embora venham ventos contrários” a certeza que Deus caminha com o seu povo é muito forte. A clareza que a Igreja personificada na comunidade paroquial fortalece, anima e encoraja a nossa vida espiritual e material.
Pe. Zacarias José de Carvalho Paiva
Pároco e Reitor